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Anos depois, já nas dependências de Abrão, mais
precisamente no curral, havia uma discórdia, entre os pastores de gado de Abrão
e Ló.
Primeiro pastor -- Você não devia maltratar
tanto assim seu animal, se Ló souber ele não vai gostar de ver o que você está
fazendo.
Segundo pastor -- Não quero palpites de outro
pau mandado, que nem eu mesmo; você anda se metendo muito comigo, qualquer dia
destes eu perco a cabeça, e você pode se dar muito mal comigo, cuide de sua
vida e me deixe em paz, da minha vida cuido eu, não se meta.
Primeiro pastor -- Eu não tenho medo de cara
feia, mas você precisa ser um pouco mais educado, só queria te dar um alerta,
você precisa ter mais paciência em seu trabalho.
Seu animal não tem culpa nenhuma de seus
problemas, não queira descontar seus fracassos em cima de quem não sabe se
defender e de mais a mais o tempo que você está perdendo com suas ignorâncias,
já teria terminado suas obrigações.
Segundo pastor -- Chega, não quero ouvi-lo
mais; você é um intrometido, um tremendo de um puxa saco, está querendo fazer
média com Ló, o que você ganha com isto, será que você ganha mais que eu por
causa desta puxação?
Primeiro pastor -- Eu só gosto de fazer as
coisas certas, e não me arrependo por isto, eu não trabalho para puxar ninguém.
Mas gosto de fazer minhas obrigações, de
maneira a não deixar margem para que ninguém me chame à atenção, por uma coisa
banal.
Afinal de contas se não estou satisfeito com
meu serviço, tenho que falar é com o patrão, mas nunca descontar minhas
frustrações em cima de outro.
Segundo pastor -- (em tom de ameaças) Suma
daqui, não quero ver sua cara por aqui, se você cruzar meu caminho novamente,
juro que lhe mato, fique com sua dedicação fajuta e vai, a....
(É interrompido por Eliezer)
Eliezer -- Chega de discussão, se Abrão
souber ele vai castigar os dois, já há muito tempo que venho observando os dois
e tenho notado que não estão se entendo, e podem ser castigados por isto.
Abrão -- (entra em cena) Não quero que os
nossos problemas sejam resolvidos a custa de violência, nem de sangue
derramado, (dirige a Eliezer)…vá chamar Ló, quanto a vocês dois, vá cuidar de
suas obrigações e não me arranjem mais problemas !... (os dois saem)
Ló -- (entrando) Mandou me chamar meu tio?
Vim logo que recebi a noticia da briga dos pastores, quem começou?
Abrão -- Quem começou isto não importa,
nossos pastores estão brigando muito, e estão sempre se desentendendo,
precisamos tomar providências urgentes, para não causar um mal maior, o que
você me sugere?
Ló -- Meu tio Abrão, eu já havia notado as
indiferenças entre nossos pastores, mas ainda não tinha visto nada sério, mas
pelo que Eliezer me falou desta vez, foi muito desagradável; o que podemos
fazer? Só se…
Abrão -- Só se o que?… Termine…
Ló -- Bem, nosso gado tem aumentado muito
graças a Deus, e estou vendo que nossos pastos estão ficando pouco, será que
não está na hora de separar-mos? Mas isto se o Senhor estiver de acordo.
Abrão – É!… Pra dizer a verdade, eu já havia
pensado nisto também e vejo que chegou o momento.
Pois bem, você pode escolher as terras que
quiser; se escolheres a minha direita eu vou para esquerda.
E se a esquerda escolher, para direita eu
irei, pra mim não faz diferença, pois o meu Deus vai estar comigo onde eu
estiver.
Ló -- (Olha pra direita, olha para a esquerda
e decide)… Da mesma maneira penso eu, mas já que o senhor me deu a oportunidade
de escolher, vou ficar com estas terras das campinas do Jordão, pros lados de
Sodoma.
Abrão -- Pra mim tudo bem, eu fico aqui pelas
bandas de Canaã mesmo, podemos então começar a dividir nossas coisas e nossos
gados, e que o nosso Deus nos ajude nesta decisão.
----------------- EJO ------------------ Continua
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