CAPÍTULO -- o2
Cenas no pátio do palácio
Rei – (assentado em seu trono, colocado no
topo da escadaria) -- Está aberto à audiência (todos se dobram em reverência ao
rei, menos Abrão, e o rei o olha indignado). O Sr. Naor pode expor seus
objetivos.
Naor -- Eu Naor, falarei por meu pai!…(pausa)...
Ele não estava em condições de viajar, mas me encarregou a falar por ele: a
generosidade do rei é conhecida no mundo todo; temos prosperado aqui graças a
sua grande benevolência; e tem a nossa eterna gratidão:
Príncipe -- Conversa fiada, não nos
interessa, seja mais objetivo o que tens para oferecer neste novo ano?
Naor -- (Desconcertado) Bem!... Neste novo
ano vamos trazer a mesma quantidade de gado e ovelhas que trouxemos ano
passado; ouro, prata, tudo o que conseguirmos.
Rei -- Nós agradecemos sua oferta!… Mas, meu
velho, ainda é pouco… quero o dobro de tudo quanto nos foi pago ano passado, a
população está aumentando e é justo aumentar os impostos para aplicar em
melhorias para nossa comunidade.
Naor -- O dobro Majestade?… isto está fora de
nossas forças, e o que daremos para os nossos filhos? Já estamos achando
difícil do jeito que está quanto mais aumentar mais ainda.
Rei -- Isto é problema familiar e em
problemas de família eu não me meto, (desdenhando) isto são vocês que terão de
resolver: se não conseguir pagar-me esta proposta, vossa tribo deverá deixar
nossas terras.
Abrão -- Porque abusa tanto de nós, nesta
situação?… No passado, já nos odiavas, gostava de tripudiar em cima de nossas
necessidades, cavamos nossos poços e fomos pisoteados, fazendo com que pagássemos,
pela água que bebíamos tirada dos nossos próprios poços; deu-nos suas piores
terras, e depois por causa do esterco do gado; tirou-nos de lá, assim seus
homens poderiam tirar proveito da terra estercada, pediu que nos entregássemos
seus inimigos, e nós os colocamos a seus pés.
Rei -- (irônico) Então, foram vocês que…
Fizeram tudo isto? Coisa nenhuma, foram os meus deuses que colocou meus
inimigos a meus pés.
Abrão -- Ora… Ora, pois sim!… Os seus deuses
não respondem nem por eles mesmos, eu nunca vi um monte de barro ou um pedaço
de pau fazer alguma coisa para alguém!... É muita heresia!.
Rei --(com ironia) Como ousa falar assim dos
meus deuses, eu exijo respeito por eles, você pode pagar caro por sua ousadia,
em nome de quem você faz esta afronta?
Abrão -- Eu falo em nome do Deus Vivo o
Altíssimo, o Deus verdadeiro.
Rei -- Você veio de Ur, uma pequena tribo, e
quer me chamar a atenção; pois eu vejo vocês, e só me faz lembrar da praga de
piolhos sobre nossas cabeças, que serão esmagados um por um; portanto se
quiserem ficar aqui, terão que pagar o dobro, e chega de conversa.
Abrão -- Naor, quando te falou que a nossa
tribo cresceu, graças a sua generosidade; então fico pensando, onde está a sua
generosidade?
Nossa tribo cresceu, por causa de nossas
crianças, nossas mulheres são férteis e o nosso Deus, que é o Deus verdadeiro,
tem nos abençoado, multiplicado e compensado todo nosso esforço.
2º príncipe – É!… Eu soube que sua mulher, é
muito virtuosa e muito bonita, e muito…
Abrão -- Alto lá!.. Você por ser príncipe do
rei, devia se dar o respeito; e eu vou lhe ensinar como respeitar as mulheres
dos outros.
Naor -- (Segurando-o pelo braço) Não Abrão,
acalme-se, não vou deixar você cair na armadilha das provocações, será que você
não vê, que é isto mesmo o que eles querem, vamos jogar como eles desejam,
depois veremos como agir,
(Vira para o Rei e diz) vossa alteza tem toda
razão, teremos o maior prazer em atender suas solicitações.
Rei -- Então vamos acertar tudo, para que no
futuro não venham dizer que foram enganados.
Abrão -- (Ainda revoltado) Como se adiantasse
algum acerto; no final, ele sempre arranja um jeito de nos tripudiar, agente
sempre fica no prejuízo, com seu abuso de poder.
Naor -- Abrão procure acalmar-se, vamos para
esse tal acerto (Com as mãos nos ombros de Abrão; tentando acalmá-lo,
prossegue) depois que pegarmos os comprovantes do acerto, vamos encontrar com
nossas mulheres e Ló, eles já devem ter comprado a cidade toda.
Abrão -- É! Eles devem estar se divertindo,
enquanto somos massacrados pelo abuso deste imposto absurdo; vamos nos
encontrar com eles e terminar-mos de fazer as compras, porque, não vejo a hora
de sair desse ar contaminado. ---------- EJO --------------- Continua
No comments:
Post a Comment