Capítulo
-- 08
Depois que
o Coronel se retira D. Gertrude vai até o quarto do Zequinha e chama o para
tomar o café da manhã.
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Zequinha -
Bom dia minha mãe, dormi como uma pedra, a viagem foi muito cansativa, êita
viagenzinha enjoada.
Parece que
não ia chegar nunca, mais mãe, eu quero tomar meu café logo, pois quero ir lá
pro povoado fazer umas averiguações.
Eu não
descanso enquanto não descobrir quem foi o autor dessa desgraça toda, eu não
suporto ver o pai deste jeito.
D. Gertrude
- Eu tenho cá minhas suspeitas; eu num vô cum a cara deste tar coroné, pur falá
nisso, ele saiu daqui neste momento.
Zequinha -
Porque a senhora não me chamou, quem sabe eu conseguiria arrancar dele alguma
coisa!...Mas, tem problema não, eu vou dar uma chegadinha lá pra conversar com
ele.
D.Gertrude
- Óia Zequinha, eu já disse procê num se metê cum este tipo de gente.
Êis num
presta e num tem arma (alma), aquele pessoá num parece cê gente, num respeita
ninguém, parece que, num cuncidera nem a mãe dêis.
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Enquanto
discutiam se ia ou não ia, chega alguém lá das bandas da fazenda do Zé Jacinto.
Bom!... Se
é que se pode chamar aquilo de fazenda, pois a maior parte da fazenda que seu
pai o deixou de herança foi forçado a vender para saldar dividas e pagar
impostos atrasados, aos falsos representantes da lei.
A pequena
faixa de terra que lhe sobrou, a sua produção não dava nem pra suas próprias
despesas.
Acontece
que a sorte virou e Zé Jacinto, não imaginava o quanto era rico, ele achava que
aquela simples pedra de diamante que havia achado, poderia lhe tirar da
miséria, mas, nunca imaginava o quanto.
Pois de
onde ele havia achado aquela, tinha muitas e muitas outras, e ele nem sabia.
Rosinha - (chegando
do povoado) Vocês já sabem das novidades?
Veja que
homem de sorte é o Zé Jacinto, imaginem que ele foi fazer uma cisterna, e não é
que ele achou uma pedra de diamante bem grande, deve valer um bom dinheiro.
Agora ele
vai poder resolver todos os seus problemas.
Zequinha -
Quem é este Zé Jacinto?
D. Gertrude
- Ocê ficou tanto tempo na capitar, que nem mais se alembra dos seus amigo de
mininice; é o fio do falicido cumpade Barnabé, sô!.. Que morreu ano passado,
ocê num vai dizê qui num cunheceu o cumpade Barnabé tamém?
Zequinha -
Sim, mãe eu acho que estou me lembrando sim, só que quando sai para estudar
fora, este Zé Jacinto era muito criança.
E não fazia
parte do meu grupo de amigos, é por isto que não estava me lembrando dele.
Rosinha -
Agora vale a pena pensar em voltar a namorar com ele.
D. Gertrude
- Da maneira que ocê tratô ele, duvido que ele vai querê vortá cum ocê.
Rosinha --
HÁ!... Eu acho que agente tem que unir o conveniente, com a tolerância, já
pensou ter que tolerar, um caipira e pobre, agora a coisa muda de figura, e eu
vou fazer todo possível pra voltar com ele.
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*Enquanto
isto a noticia do diamante chega aos ouvidos do Coronel, e ele já estava
arquitetando um plano para surrupiar o diamante das mãos do Zé Jacinto.*
Na Casa de Zé
Jacinto
Zé Jacinto
já não queria mais trabalhar, agora era só aproveitar e gastar por conta.
Em pleno
meio dia, em sol quente, estava todo emperiquitado, vestindo um terno amarelão
axadrezado, largo e mal feito.
Com uma
gravata também larga e xadreza, estava se sentindo o tal. (Rosinha resolve
fazer lhe uma surpresa)
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Rosinha -
Olá, Zé Jacinto, como vai? Pensei que você tivesse um pouco mais de
consideração conosco.
Desde o dia
que terminamos que você não mais botou os pés lá casa, só porque terminamos o
nosso namoro, você não precisava sumir deste jeito.
Senti sua
falta e vim fazer uma visitinha pra você, (Como se ela não estivesse sabendo de
nada)...
Pelo visto
as coisas aqui pra você não está nada ruim, pois em pleno meio dia, você
descansando em casa, ainda todo arrumado, por quê? Você está indo em alguma
festa no arraial?
Zé Jacinto
- (Todo sem graça e desconsertado, e coçando a nuca) É! Eu tô mei tarefado né,
e puriço num to tendo tempo pra saí pra lado ninhum, mais será que ocê vei só
pra mode me vê merrmo?
Rosinha -
Mas, é claro seu bobo, desde aquele dia lá em casa que eu não tiro você da
cabeça, se você quiser, nós poderemos reatar nosso namoro.
Zé Jacinto
- Não, purinconto não, eu num tô pensando nisso não, se ocê me adiscurpe, mais
eu tô saindo pro arraiá, uma outra hora nóis cunversa, ocê pode fica aqui e
fais cumpania pra minha mãezinha.
Rosinha -
Está bem eu fico, e vou te esperar pra conversar.
Zé Jacinto
- Carece não, eu num sei a qui hora eu vorto.
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Zé Jacinto
vai pro arraial, e se esbalda no cabaré, onde também estavam os trêis
santinhos.
Quando o
viram, deram logo um jeito de fazer amizade com ele, forçando o a beber a ponto
de precisar ser carregado.
------ EJO -------Continua
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